O aumento do uso da internet entre os brasileiros atingiu também a população com mais de 60 anos. De acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, o número de idosos conectados à rede mundial de computadores cresceu de 68% para 97% entre 2018 e 2021.
O meio de acesso à internet mais utilizado pelos idosos é o smartphone, com 84%. Em seguida, os notebooks correspondem a 38% das respostas, já os computadores desktops, a 36%. A pesquisa traz ainda informações sobre os conteúdos consumidos pelos internautas acima de 60 anos: 64% utilizam a internet para se informarem sobre política, esportes e assuntos diversos, 61% para se comunicarem com outras pessoas, enquanto 54% buscam informações sobre produtos e serviços. Os aplicativos que lideram o consumo entre a terceira idade são as redes sociais, com 72%. Aplicativos de transporte público ocupam o 2º lugar, com 47%, logo após, os bancários, com 45%.
A provedora de internet fibra óptica sediada em Volta Redonda, Zamix Multiplay, registrou um aumento de cerca 35% de clientes acima de 60 anos, entre outubro de 2018 e março de 2021. O crescimento foi percebido nos oito municípios onde oferece o serviço: Angra dos Reis, Barra do Piraí, Juiz de Fora, Mangaratiba, Resende, Valença, Vassouras e Volta Redonda. A diretora comercial e marketing da Zamix, Karol Hungaro, atribuiu o aumento do uso da internet entre a terceira idade ao crescimento da população idosa no Brasil que, segundo o IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pode chegar a 25,5% até 2060, e também à pandemia do Coronavírus.
“A população de idosos representa uma parcela da sociedade muito significativa, que também quer se manter informada e conectada ao que acontece no mundo. Acredito que a pandemia também potencializou este aumento, já que a terceira idade, considerada grupo de risco da Covid-19, encontrou na internet uma maneira de socializar, cultivar os laços familiares, além de terem acesso a uma ferramenta que auxilia nas mais variadas demandas do dia a dia. Como o universo virtual ainda é novo para eles, que chegaram muito antes da invenção da internet, é um público que merece toda a atenção dos segmentos voltados à tecnologia”, destacou Karol Hungaro.
Neuza Maria Chaves Fonseca (70), moradora do bairro Vila Mury, em Volta Redonda, é um exemplo de público da terceira idade que ampliou o consumo de internet durante a pandemia. A aposentada costuma navegar tanto através do smartphone, quanto do computador. “Os estudos da minha doutrina religiosa, que aconteciam presencialmente, passaram a ser realizados de maneira virtual, três vezes por semana. Além disso, uso a internet para pesquisar informações e me aprofundar nas notícias. As redes sociais também foram um meio importante para manter o contato com as pessoas. Para essa finalidade, utilizo tanto o WhatsApp, quanto o Instagram e o Facebook”, declarou Neuza.
A moradora do bairro João Bonito, em Valença, Dulce Gregorio (76), também aumentou o seu tempo de navegação na internet durante a pandemia. Além de catequista, ela é envolvida em diversos movimentos da igreja que frequenta. Com a recomendação do isolamento social, as atividades se tornaram remotas. “Através dos grupos de WhatsApp da igreja, organizamos as reuniões, lives e missas que agora acontecem no ambiente virtual. Utilizo muito os grupos para me comunicar com os parentes também. Minha família é grande, tem muitas pessoas do grupo de risco, então, a internet acabou sendo nosso meio principal de contato”, comentou Dulce.